No primeiro caso teríamos:
latim cumulu- > comoro (ano de 986) + -ouço (sufixo, possivelmente pré-romano, também presente no apelativo "pedrouço" e no topónimo "Barcouço") > comorouço > *coromouço (por metátese) > caramouço (por dissimilação vocálica). Por fim, "Caramouchel", uma formação moçarábica a partir de caramouço "montão".
Nesta interpretação, o topónimo Caramouchel seria um lugar com elevações de terreno, ou uma "obra de terra que se constrói, como um valado, à margem de um rio, para que suas águas não inundem os campos" (Houaiss, s.v. "cômoro"), tendo chegado à forma actual durante a colonização de populações moçárabes.
latim camera- ou camara- + ancha [do latim ampla- "larga"] + -el > *camaranchel > caramanchel (metátese, como em camaranchão > caramanchão) > *caramonchel (dissimilação vocálica) > caramouchel (ditongação do -o- nasal).
Nesta segunda hipótese, o topónimo Caramouchel poderia referir-se a "um posto de vigia ou mirante" (Houaiss, s.v. "caramanchão"), sobrepujado num edifício da povoação. Poderia ser um posto de vigia da passagem que lhe está próxima, assinalada pelo topónimo "Portela".
KRÜGER, Fritz (1956) — Problemas etimológicos: Las raíces car-, carr- y corr- en los dialectos peninsulares. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Cientificas / Centro de Estudios de Etnologia Peninsular. 189 p. (Biblioteca de Dialectologia y Tradiciones Populares; 9).
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