terça-feira, 22 de maio de 2007

Aido e Eido: o mesmo étimo.

A voz “eido”, do latim aditu-, “entrada para um edifício ou um lugar”, designa um quinteiro ou quintal junto a uma casa, uma pequena propriedade, anexa à casa principal da exploração agrícola, geralmente ocupada com pomar ou plantas hortícolas.
A evolução aditu- > "aido" > “eido” resultou da queda do -d- intervocálico e da sonorização -t- > -d-. Em português coexistem as formas “aido” e “eido”, o que não acontece em galego, onde apenas encontramos a segunda.
A permanência do ditongo /ai/, que no galego-português evolui para /ei/, poderá explicar-se por assentamentos moçárabes, cujos falares conservaram os ditongo /ai/ e /au/ (Lapesa, 1991: 176).
No concelho de Aveiro, é notável a propagação da voz “aido”, na microtoponímia e como apelativo, designando uma “pequena propriedade junto à casa”, tanto mais que nunca aqui encontramos a fala “eido”, forma muito mais prolífica no galaico-português e a única presente na toponímia galega, se exceptuarmos as duas ocorrências de O Aido na província da Corunha.

Portugal, concelho de Aveiro (são todos microtopónimos; entre parênteses as respectivas freguesias):
Aidinho (Requeixo), Aido de Baixo (Eirol), Aido do Bicho (Nariz), Aido do Carocho (Requeixo), Aido de Cima (Nariz), Aido do Cosme (Requeixo), Aido do Couteiro (Aradas), Aido do Entrudo (Eixo), Aido da Fonte (Cacia), Aido do Garrido (Aradas), Aido da Igreja (Eirol), Aido do Machinho (Cacia), Aido do Marco (Oliveirinha), Aido Maria Morais (Eirol), Aido do Padre (Nariz), Aido do Pereira (Nariz), Aido da Poça (Eirol), Aido do Queirós (Aradas), Aido do Remédio (Oliveirinha), Aido do Roque (Oliveirinha), Aido do Silva (Glória), Aido(s) da Velha (Nariz), Aido Velho (Eirol), Aidos (Esgueira, Nariz, Oliveirinha, Requeixo e Vera Cruz), Aidos de Azurva (Esgueira), Aidos da Capela (Esgueira), Aidos de Cilha (Nariz), Aidos de Cima (Requeixo), Aidos do Porto de Ílhavo (Nariz), Aidos da Torre (Cacia), Aidos de Verba (Nariz), Aidos da Vessada (Nariz), Cabeço dos Aidos (Aradas), Cabo dos Aidos (Aradas), Castro dos Aidos (Oliveirinha), Lavouras de Trás-dos-Aidos (Oliveirinha), Serrado de Trás-dos-Aidos (Aradas), Trás-dos-Aidos (Aradas, Eixo, Glória, Oliveirinha e Requeixo).

Portugal (ocorrências registadas na Carta Militar 1:25 000; entre parênteses os respectivos concelhos):
Aido (concelhos de Barcelos, Castelo de Paiva, Cinfães e São Pedro do Sul), Aido d'Além (Albergaria-a-Velha), Aido de Baixo (Vale de Cambra), Aido de Cima (São Pedro do Sul), Aidos (Trofa e Vila Nova de Gaia), Azenha do Aido (Estarreja), Cabeço do Aido (Cantanhede), Chã do Aido (Cinfães), Quinta do Aido (Marco de Canaveses).
Baixo do Eido
(concelho de Ponte de Lima), Cabo do Eido (Arcos de Valdevez), Casa Abrigo da Pena do Eido (Ponte da Barca), Costa do Eido (Ponte da Barca), Eido [concelhos de Amarante (4), Amares, Arcos de Valdevez (2), Baião (2), Barcelos (4), Braga (2), Castro Daire (2), Celorico de Bastos (3), Felgueiras (2), Guimarães (4), Lamego, Mesão Frio, Monção, Ponte da Barca (2), Ponte de Lima, Vila Real e Vizela], Eido de Baixo [Barcelos, Fafe, Felgueiras, Ponte de Lima (2), Vieira do Minho], Eido de Cima (Amarante, Barcelos, Ponte de Lima, Valença), Eido do Marzagão (Braga), Eido Novo (Valença), Eido Velho (Ponte de Lima), Eidos [Barcelos (2), Felgueiras, Fornos de Algodres, Guimarães (3), Marco de Canavezes, Vila Verde (2)], Entre o Eido (Paredes de Coura), Quinta do Eido (Lousada), Ribeira do Eido (Vila Real), Vale do Eido (Guarda).

Galiza (ocorrências registadas no Nomenclátor de Galicia)
O Aido (paróquia de Rois, concelho de Rois, Corunha), O Aido (paróquia de Luou, concelho de Teo, Corunha);
Eido de Lamas, Eido de Ribeira, Eidobispo, Eidos, Eidos de Limia, Eidos de Riba, Eidos Vellos, Entreeidos, O Eido, O Eido da Tendeira, O Eido de Abaixo (2), O Eido de Arriba (3), O Eido de Baixo, O Eido de Caneiras, O Eido do Crego, O Eido do Macho, O Eido do Monte, O Eido Fernández, O Eido Gonzalo, O Eido Vello (5), O Medio do Eido, O Val do Eido, Os Eidos (8), Os Eidos de Abaixo (4), Os Eidos de Arriba (2), Os Eidos do Medio, Riba do Eido, Viso dos Eidos.

bibliografia:
LAPESA, Rafael (1991) – Historia de la lengua Española. Prólogo de Ramón Menéndez Pidal. 9ª ed. corrig. e aum; 7ª reimp. Madrid: Editorial Gredos. 690 p. (Biblioteca Románica Hispánica/Manuales; nº 45). ISBN 84-249-0072-3.

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