Para Portugal, a principal fonte toponímica é o Reportório Toponímico de Portugal (Portugal: 1967), com 3 volumes dedicados ao continente, que "contém 165.710 topónimos compilados das edições publicadas até 1965 pelo Serviço Cartográfico do Exército, da Carta Militar de Portugal na escala 1/25.000". Num outro volume da mesma origem (Portugal: 1998), encontraremos 7.246 topónimos das regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
Para além da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, onde podemos encontrar centenas de topónimos, um bom dicionário e uma excelente entrada s.v. "Toponímia" [Fernandes, 195?], existem vários dicionários corográficos e geográficos, de valor desigual, mas nem por isso de consulta menos proveitosa.
Começando pelo século XVI, destacamos a Corografia de alguns lugares […], de Gaspar Barreiros, publicada em Coimbra em 1561, com 2ª ed. de 1968. Na Biblioteca Nacional existe um manuscrito deste mesmo autor, sob o título Suma e descripçam de Lusitania, publicado há alguns anos na Revista da Universidade de Coimbra (Almeida, 1984).
Do século XVII temos o Prontuário das Terras de Portugal, de Vicente Ribeiro de Meireles, datado de 1689, que, embora nunca tenha sido publicado, pode ser consultado na Biblioteca Nacional, onde se guarda o respectivo manuscrito (vd. estudo em Costa: 1955).
No século XVIII surgem várias obras deste tipo, de que destacamos a Corografia Portuguesa de António Carvalho da Costa (1706-1712, 3 vol.), com 2ª edição, também em três volumes, publicada em Braga, na Tipografia de Domingos Gonçalves Gouveia (1868-1869). Esta obra ficou muito mais acessível depois de 2001, aquando da respectiva edição em cd-rom, pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.
João Baptista de Castro trouxe a lume o Mapa de Portugal Antigo e Moderno (1745-1758, 5 vol.) e o Roteiro terrestre de Portugal (1748). O Mapa, na sua 1ª edição, foi publicado em cinco partes, editadas respectivamente em 1745, 1746, 1747, 1749 e 1758. A 2ª ed. revista e aumentada, saiu em 3 volumes de 1762 a 1763, impressa em Lisboa na Officina Patriarcal de Francisco Luiz Ameno. Uma 3ª ed., revista e aumentada por Manoel Bernardes Branco, foi publicada em 1870, em 4 vol., impressa em Lisboa na Typografia do Panorama. O Roteiro teve uma 3ª ed. em 1767, ainda em vida do autor (1700-1775), tendo sido por ele corrigida e aumentada. Registam-se ainda algumas edições no século seguinte — 4ª (1809), 5ª (1825), 6ª (1832) —, todas publicadas em Lisboa, a primeira na Nova Officina de João Rodrigues Neves e as duas últimas na Impressão de João Nunes Esteves. Em 1844, com mais quatro páginas que a precedente, aparece uma autodesignada "nova edição muito accrescentada e correcta", impressa igualmente em Lisboa, na Typ. de M. J. Coelho.
Ainda nesta centúria, merece realce a obra do padre Luís Cardoso, seja o Dicionário geográfico ou notícia histórica de todas as cidades (1747-1751), em 2 vol. que ficaram pela letra C, ou o Portugal sacro-profano, obra onde se catalogam as freguesias portuguesas, com notícias sobre as respectivas igrejas e oragos. Os dois volumes publicados do Dicionario abrangem respectivamente as letras A-AZU e BAB-CUV; o resto da obra ficou inédito, mas pode ser consultado na Torre do Tombo, onde o respectivo manuscrito se encontra depositado.
Na centúria de Oitocentos apareceu o Portugal Antigo e Moderno de A. Pinho Leal e Pedro Augusto Ferreira (1873-1890, 12 vol.), que deve ser consultado com algum cuidado, pois, a par de elementos de valor, está pejado de informação lendária, recolhida sem qualquer rigor científico. A obra foi inicialmente da responsabilidade única de Pinho Leal, tendo sido continuada, após a sua morte (1884), por Pedro Augusto Ferreira.
Ainda no mesmo século, foram publicados o Dicionário corográfico de Portugal (1870), de Emiliano Augusto Bettencourt; a Corografia Moderna do Reino de Portugal, de João Maria Baptista e João Justino Baptista de Oliveira (1874-1879, 7 vol.), cabendo a este último a conclusão da obra, já que o primeiro faleceu em 1876.; o Dicionario de Geografia Universal, obra colectiva em 4 vol., dirigida por Tito Augusto de Carvalho (1878-1887); o Dicionário da Corografia de Portugal, volume coordenado por J. Leite de Vasconcelos e publicado no Porto em 1884, e o Dicionário postal e corográfico de Portugal, de João Baptista da Silva Lopes (1891-1894, 3 vol.). De um homónimo deste último, também ele João Baptista da Silva Lopes, foi publicada, em 1841, uma Corografia […] do reino do Algarve.
Ainda neste século, Francisco dos Prazeres Maranhão, sob o pseudónimo de António Fernandes Pereira, publicava o seu Dicionário geográfico abreviado de Portugal (1852) e, no ano seguinte, seria a vez de vir a lume o Dicionário Geográfico de Pedro José Marques. Em 1878, a Imprensa da Universidade de Coimbra editava o Dicionário corográfico do reino de Portugal, de Agostinho Rodrigues de Andrade, também autor da Corografia histórico-estatística do distrito de Coimbra, publicada pelo mesmo editor em 1896. No campo da antroponímia, mas também com óbvio interesse para a toponímia, Francisco da Silva Mengo publicou, em 1889, o seu Dicionário de nomes de baptismo que, como consta do próprio título completo, regista mais de quatro mil nomes.
O século XX abriu com a edição dos 7 vol. do Portugal: Dicionário histórico, corográfico, heráldico… de [João Manuel] Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues, publicados de 1904 a 1915; entre 1929 e 1949 foram sendo publicados os 12 vol. do Dicionário Corográfico de Portugal Continental e Insular de Américo Costa, no qual podemos encontrar milhares de topónimos portugueses. De registar ainda a obra Terras Portuguesas: arquivo histórico e corográfico (1932-1940), da autoria de João Baptista Lima, num total de 8 vol. publicados na Póvoa do Varzim. Por estes anos também José Leite de Vasconcelos publicará o 3º volume dos seus Opúsculos, sobre Onomatologia (Vasconcelos, 1931) e a sua obra sobre Antroponímia Portuguesa (Vasconcelos, 1928).
Para ter à mão, a escolha pode recair no Novo Dicionário Corográfico de Portugal (1981), de A. C. Amaral Frazão, edição revista, aumentada e actualizada por A. A. Dinis Cabral, e publicada pela Editorial Domingos Barreira.
Na Biblioteca Nacional existe, em manuscrito, uma História [eclesiástica] de Coimbra, com muitos elementos toponímicos para a zona de Coimbra e Aveiro e diversos materiais referentes aos séculos XVIII e XIX (Carvalho: 1795-1825).
Para uma visão completa dos diferentes dicionários onomásticos, publicados em Portugal ou no estrangeiro e usados no nosso País no século XVI, ver Telmo Verdelho (1993). Para dicionários em geral, desde os bilingues medievais à lexicografia actual, ver o mesmo autor (Verdelho: 1994).
Em segundo lugar apontamos para o Grande Diccionario Geografico de España, em 17 volumes, publicado entre 1956 e 1961 sob a direcção de Rafael Sanchez Mazas, com o seuinte conteúdo: vol. 1. Aba-Aldeaquemada; vol. 2. Aldea Real-Arcos de la Sierra; vol. 3. Arcos de las Salinas-Barceló; vol. 4. Barcelona-Bocairente; vol. 5. Bocal, El-Caldeliñas; vol. 6. Caldemoreiras-Carlet; vol. 7. Carlín-Catarroja; vol. 8. Catasol-Cortegada; vol. 9. Cortegada-Fresno de la Polvorosa; vol. 10. Fresno de la Rivera-Hoz Seca; vol. 11. Huali-Madrid; vol. 12. Madrid-Múrcena; vol. 13. Murcia-Pías; vol. 14. Piasca-Sada; vol. 15. Sádaba-Suzana; vol. 16. Ta-Viana de Mondéjar; vol. 17. Vianas-Zuzones. Apéndices: Plazas de Soberanía y Provincias Africanas, Poblados Nuevos, Addenda.
Começam a aparecer os repertórios toponímicos das diferentes autonomias espanholas, de que é exemplo o Nomenclátor de la comunidad de Madrid: 1991.
E, no que se refere a Espanha, fechamos com a Enciclopedia Lingüistica Hispânica (1960-1967, 3 vol.), obra de actualização teórica para os anos cinquenta, dirigida, entre outros, por M. Alvar, a que acrescentamos o Diccionario de gentilicios y toponimos, de Daniel Santano y Leon, publicado em Madrid em 1981, a Enciclopedia de los topónimos españoles, publicada em Barcelona (Albaigès, 1998), o Diccionario de topónimos españoles y sus gentilicios (Celdrán, 2002) e o
Actualmente esta enciclopédia está a ser editada em pelo menos 44 volumes, com o título Gran Enciclopédia Galega Silvério Cañada, pelos jornais El Progreso e Diario de Pontevedra, com o apoio da Fundación Caixa Galicia.
Mais recente, também com bastante informação toponímica, temos a EGU, Enciclopedia Galega Universal, em 16 volumes, dirigida por Bieito Ledo Cabido e publicada pela Ir Indo Edicións de Vigo, de 1999 a 2006, organizada como segue: Vol. 1: a-anei; vol. 2: anel-balb; vol. 3: balc-braq; vol. 4: bras-casal; vol. 5: casam-colq; vol. 6: color-cura; vol. 7: curb-edt; vol. 8: edu-fad; vol. 9: fae-gira; vol. 10: giro-khod; vol. 11: khoi-meir; vol. 12: méis-oita; vol. 13: oite-pole; vol. 14: polg-rol; vol. 15: rom-teler; vol. 16: teles-zyt.
O Diccionario geográfico-estadístico-histórico de España de Pascual Madoz, na parte referente à Galiza, foi reeditado em 1986, em 6 volumes.
Para além destas obras temos um excelente programa informático, propriedade intelectual da Associaçom Galega da Língua (AGAL), de importação gratuita a partir do Portal Galego da Língua; falamos do TOPOGAL, que apenas inclui topónimos referentes a centros populacionais. Mais completo, temos a versão electrónica do Nomenclátor de Galicia, para o qual encontrarão uma ligação neste blogue e a respectiva edição física, o Nomenclátor de Galicia : toponimia oficial das provincias, concellos, parroquias e lugares (Espanha, 2003b).
A Catalunha proporciona-nos a Gran Enciclopèdia Catalana, actualmente com 25 volumes, este último (25-26) já um "Suplement". A obra começou a publicar-se em 1970 sob a direcção de Jordi Carbonell, substituído, a partir do vol. 4, por Joan Carreras i Marti. A obra organiza-se da seguinte forma: v. 1. A-alf v. 2. Alg-aqu v. 3. Ar-bah v. 4. Bai-bia v. 5. Bib-calb v. 6. Calc-cata v. 7. Cata-compl v. 8. Compo-deme v. 9. Demi-ensi v. 10. Enso-felig v. 11. Felip-gee v. 12. Geg-iberi v. 13. Ibero-llar v. 14. Llas-maup v. 15. Maur-muset v. 16. Museu-pair v. 17. País-picor v. 18. Picos-quil v. 19. Quim-rossej v. 20. Rossell-segr v. 21. Segú-sulk v. 22. Sull-trai v. 23. Traj-vent v. 24. Venu-zyt v. 25-26. Suplement.
Reunindo os vários nomencladores provinciais, temos ainda o Nomenclàtor: nomenclàtor oficial de toponímia major de Catalunya (Espanha, 2003a), que permite consultas via net e a importação das respectivas listas toponímicas, e para o qual também encontrarão uma ligação neste blogue.
Bastante importante, pelo rigor científico e elevado número de topónimos tratados, a obra de Christian Baylon e Paul Fabre, Les noms de lieux et de personnes (Baylon & Fabre, 1982).
Referências bibliográficas das obras citadas:
FERNANDES, A. de Almeida (1999) — Toponímia portuguesa: Exame a um dicionário. 1ª ed. Arouca: Associação para a Defesa da Cultura Arouquense, 576 p. ISBN 972-9474-13-3.
MADOZ, Pascual (1846-1850) — Diccionario geografico-estadistico-historico de España y sus posesiones de Ultramar. Madrid: Imprenta del Diccionario. 16 tomos (t. 1. A-Al; t. 2. ALI-ARZ; t. 3. ARR-BAR; t. 4. BAR-BUZ; t. 5. CAA-CARR; t. 6. CAS-COR; t. 7. COR-EZT; t. 8. FAB-GUA; t. 9. GUA-JUZ; t. 10. LAB-MAD; t. 11. MAD-MUZ; t. 12. NAB-PEZ; t. 13. PIA-SAZ; t. 14. SEA-TOL; t. 15 TOL-VET; t. 16. VIA-ZUZ.
VERDELHO, Telmo (1994) — Portugiesisch: Lexikographie. Lexicografia. In HOLTUS, Gűnter; METZELTIN, Michael; SCHMITT, Christian, ed. – Lexikon der Romanistischen Linguistik. Tűbingen: Max Niemeyer Verlag, 1994. ISBN 3-484-50336-X. vol. 6/2, p. 673-692. Em linha, no endereço http://clp.dlc.ua.pt/Publicacoes/lexicografia.pdf
VERDELHO, Telmo (2002) — Dicionários Portugueses: Breve história. Em linha, no endereço: http://clp.dlc.ua.pt/Publicacoes/Dicionarios_breve_historia.pdf
Sem comentários:
Enviar um comentário