quarta-feira, 21 de novembro de 2007

CHORIOS

CHORIOS (freguesia de Roge, concelho de Vale de Cambra)
O topónimo há-de ser antiquíssimo, com formação nos primórdios do galaico-português, aquando da palatalização, genuinamente popular, dos grupos consonânticos cl- > ch- (ex: clamare > chamar), fl- > ch- (ex: flamma > chama) e pl- > ch- (ex: plaga > chaga).
O que ele esconde é que será mais difícil de descobrir. Falta-nos o testemunho do documento medieval que poderia abrir alguma pista. Fiquemos pela aparências da forma actual.
Poderemos estar perante a substantivação de um adjectivo que qualificasse o terreno ou campo. Se fosse Cheiras, Chieiras, Chairos, Chaira, Chairas, etc., teria origem no adjectivo latino planarius, -a, -um "aplanado", com total correspondência na orografia local.
Mas, para CHORIOS, só vislumbro uma explicação, um antigo adjectivo derivado de chor (antigo português, forma popular de "flor", do latim flore-, ainda viva na Galiza). Refiro-me a *choridos (= floridos), que daria "chorios" depois da queda do -d- intervocálico.
Também poderemos estar perante um substantivo, se considerarmos a voz galega chorida para a flor do tojo ou da giesta. Neste caso a fala "Chorios" corresponderia a um campo de tojos e giestas.

1 comentário:

cneirac disse...

Churío é o nome de uma paroquia (freguesia) no concellho (município) de Irixoa (Irijoa, de ecclesia+ola) na Galiza. A primeira vez que ouvi esta palavra estava referida a uma família do lugar ('os churios').

Não tenho mais dados sobre este topônimo, mas acho que vem ser o mesmo que o seu, com uma pronúncia mais fechada na primeira vogal átona e com a pronuncia |ts| no 'ch-'.

Ao meu entender -não são filólogo- uma outra possibilidade passa por associar esta palavra à família chorro/jorro, quer dizer, os canos, regos ou levadas que irrigam os campos.